segunda-feira, 18 de novembro de 2019

The Big Toffoli

No mundo, a Justiça se move na tentativa de preservar a privacidade das pessoas. Aqui no Brasil, é o contrário. Artigo de Fernando Gabeira, publicado no Globo:


Numa semana muita dura e cheia de eventos, pensei em trazer um tema novo. Já falei de Bolívia e Chile, comentei a saída de Lula e me debrucei, sem ânimo, sobre a invasão da embaixada da Venezuela em Brasília. Isto me interessou, pois poderia usar de novo a palavra quiproquó, tão sonora e fora de moda.

Sinceramente, meu tema de preferência era um chamado projeto Nightingale, no qual o Google é acusado de vender milhões de dados médicos e hospitalares das pessoas para grandes empresas do setor. A coleta e venda de informações é um grande negócio no mundo. Tende a ser o mais interessante, pois os dados valem dinheiro, sobretudo em grandes quantidades.

Iria refletir um pouco sobre a privacidade num mundo do Google e das redes sociais quando soube que o presidente do STF, Dias Toffoli, agora por um artifício legal, tem acesso aos dados financeiros de 600 mil contas de pessoas e empresas.

Ele proibiu a UIF (antigo Coaf) de partilhar esses dados com os órgãos de investigação. Um absurdo sem nome. Tenho escrito sobre isso e, para dizer a verdade, com pouca repercussão. É um ato de exceção. Os próprios funcionários da OCDE que estiveram no Brasil dizem que a medida de Toffoli está em contradição com as normas e os compromissos internacionais do Brasil.

Toffoli não se interessa por isso. Seu objetivo era congelar as investigações sobre Flávio Bolsonaro e impedir que a Receita continuasse pesquisando os movimentos financeiros de sua mulher e da mulher de Gilmar Mendes. Ele não se contentou em paralisar investigações. Ele quer acesso a todos os dados coletados pela inteligência financeira.

É o Big Toffoli navegando pelas contas de todo mundo, conhecendo os segredos financeiros que ele mesmo impede de serem investigados adequadamente. Como é possível o país conviver com essa barbaridade? Mesmo os aliados de Toffoli deveriam temer essa concentração de poder. Nos últimos tempos, aproximou-se de Bolsonaro para salvar a pele do filho senador. Mas, no passado, foi um funcionário do PT, um assessor de José Dirceu.

Acho que tanto o PT como Bolsonaro deveriam temer Toffoli. A quem servirá com esse acesso ilimitado aos dados pessoais e empresariais? Pode usá-los para fulminar Bolsonaro ou mesmo para enrascar mais ainda seu partido de coração, que é o PT.

Em muitos lugares do mundo, a Justiça se move na tentativa de preservar a privacidade das pessoas, acossando o Google e o Facebook, entre outros. Aqui no Brasil é diferente. É a própria Justiça que invade a privacidade alheia, na pessoa do presidente do STF. Não se trata mais nos trópicos de reduzir o poder das gigantescas empresas, mas de ampliar ao extremo o poder pessoal de Toffoli.

Num mesmo ano, Toffoli salvou Lula e Bolsonaro. Lula porque foi dele, fiel advogado do PT, o voto de Minerva que acabou com a prisão em segunda instância. E Bolsonaro, porque foi ele quem tirou as nádegas do jovem Flávio da seringa do controle de operações financeiras.

Podemos falar tudo de Lula ou Bolsonaro. Mas ninguém apanha mais do que eles nas redes ou na imprensa. Ambos reclamam, Bolsonaro tira verbas publicitárias de quem o critica; Lula, volta e meia, se lembra do controle social da imprensa. Mas nenhum dos dois chegou ao ponto de Toffoli: instalar uma delegacia, convocar Alexandre de Moraes como seu braço policial e partir para cima de quem o critica, com polícia revistando casas e computadores.

Lula precisou de Toffoli. Bolsonaro também. Mas eles ignoram, talvez, que Toffoli seja muito mais do que um simples auxiliar para encrencas. Diante da vulnerabilidade dos líderes populistas que polarizam o Brasil, ele vai construindo seu universo pessoal de poder. E um poder mais persuasivo que o deles.

Toffoli é o Big Toffoli. Assim com os homens e, além disso, é o único que tem poder de acessar os dados financeiros de quase todo mundo. Digo quase todo mundo, porque não me incluo nesses 600 mil. Minha conta bancária é de uma monotonia tediosa. Mas não me inibo em defender a privacidade dos outros, ricos ou pobres.

Em 13 anos de oposição, o PT nunca me fez mal. Espero o mesmo de Bolsonaro. Ambos têm seguidores agressivos. Mas nenhum pode como Toffoli mandar a Polícia Federal vasculhar meus computadores, incluir-me nos detratores do Supremo.

A democracia tropical, com a sua incessante troca de favores, está parindo um monstro. Uso a expressão num contexto institucional. Pessoalmente, Toffoli até se parece com um desses candidatos por quem suspiram velhas senhoras em busca de bons moços para votar.

Mas a ampliacão do seu poder pela captura de dados financeiros o transforma num Big Toffoli

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Maldita República

Se não fosse a Proclamação da República, o Brasil seria uma das CINCO maiores potências do mundo. Com os recursos naturais que temos, a imigração trabalhadora que nos sustenta até hoje e SEM os atrasos abaixo nomeados, quem pode contestar?

LULA, por exemplo, seria só um vaqueiro analfabeto do Sertão do Ararobá e não esse ‘ladrão que veio pro sul pra robá’;

TOFFOLI, por sua vez, seria um ‘adevogado’ de porta de cadeia e não o cara com a chave suprema das cadeias, com a qual abre as celas dos seus correligionários;

DAVI ALCOLUMBRE, o vereador de Macapá que está no exercício da presidência do senado federal, seria um sacoleiro do Trapiche Eliezer Levy, se tivesse concluído o primeiro grau na Escola Barão de Rio Branco;

RODRIGO MAIA, O ‘chileno’ Nhonhô Bolinha Botafogo não teria largado a carreira de bancário, sem concluir o ensino médio, com grande chance de estar preso por desfalque na instituição bancária;

GILMAR MENDES seria fazendeiro em Diamantino, Mato Grosso, sem nenhum saber jurídico, como aliás já é hoje;

LEWANDOWSKY seria um garçon de restaurante em São Bernardo do Campo, sem filiação ao MDB, que nem existiria, e portanto, sem nenhuma chance de nomeação para qualquer cargo na Justiça pelo ‘quinto constitucional’, que também não seria prática corrente se vivêssemos a monarquia;

E ASSIM SUCESSIVAMENTE...



sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O Grêmio ganhou mais com os cinco a zero

O Flamengo eliminou o Grêmio com uma sonora goleada de 5 x 0 no Maracanã. Depois disso, o clube gaúcho saiu de uma posição intermediária na tabela do Campeonato Brasileiro e se fixou entre os quatro que vão disputar a Copa Libertadores de 2020. Na pior das hipóteses entre os seis classificados.
O Flamengo desabou! Deixou-se dominar pela empáfia...
Sofreu pra ganhar por 1 x 0 do quase rebaixado CSA no Maracanã e empatou - depois de estar vencendo por 2 x 0 - com o Goiás, a quem havia goleado por 6 x 1 no primeiro turno.
Quando escrevo este post (01/11/2019), faltam 9 rodadas para o término da competição e o Flamengo tem 8 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Palmeiras. No dia anterior a vantagem eram de 10 pontos.
Minha teoria é que o Flamengo vai deixar escapar o título do Brasileirão, praticamente ganho; perde para o River Plate e não ganha a Libertadores, consequentemente não disputa o Mundial contra o Liverpool. Um desastre para o torcedor!
Por que penso isso?
O Flamengo DESLUMBROU.
Do porteiro ao presidente, do torcedor a imprensa, dos jogadores a comissão técnica: todo mundo virou POP STAR do futebol na América do Sul e em Portugal.
O “mister” tem que fazer selfie, dar autógrafos e entrevistas, como o grande comandante do futebol que o Flamengo jogou nos últimos quatro meses. Era encantador, mesmo!
Mas agora, de salto alto, jogadores se pegam ao final de cada partida, o treinador cobra em público os erros cometidos nos jogos, um bate boca quase as vias de fato. O encanto acabou!
Em vez de marcar o adversário, roubar a bola e partir para fazer gols e golear seus oponentes, os craques flamenguistas se jogam a cada faltinha, rolam no chão como se tivessem as pernas decepadas e reclamam da arbitragem mais do que conseguem driblar, atacar e marcar tentos que levavam as vitórias acachapantes...
E tem o VAR paulista, que quando não atrapalha, não faz o que deveria fazer: corrigir erros ou mostrar para o árbitro o que ele não viu. Mas os especialistas, a cada rodada, falam em ‘protocolo VAR’, algo mais variável que namorado de atriz da Globo. Enquanto isso o Palmeiras fica como uma hiena, esperando o doce cair das mãos do Flamengo.
Gabigol faz um gol, perde cinco e discute com a arbitragem por mais tempo do que joga. E dá-lhe tomar cartão.
Bruno Henrique, depois da convocação para a Seleção, mais cai do que deixa os adversários no chão por seus dribles e velocidade.
Arrascaeta está visivelmente diferente de antes da cirurgia no joelho, mais lento.
Gerson está cansado. Éverton Ribeiro também. Willian Arão, idem...
Os dois laterais ‘europeus’ estão num nível e seus substitutos entre 250 e 500 degraus abaixo.
O mesmo se pode afirmar dos dois zagueiros.
Os goleiros se equivalem, mas um não tem a experiência do outro para jogos difíceis.
No conjunto da Opera, ninguém aguenta mais as exigências e o perfeccionismo de Jorge Jesus. Que muito me lembra o Bernardinho do vôlei.
Acho que MELOU.
DESANDOU A MAIONESE.
Infelizmente... estavam indo tão bem!


sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A Culpa é do Senado Federal

Estamos todos vomitando, a cada telejornal que assistimos...
A cada jornal que lemos...
A todo post nas redes sociais que temos acesso...

O STF é um antro de pseudos juristas, TODOS que lá estão, estão a serviço de alguma causa e alguns até de criminosos, como Lula, Zé Dirceu e advogados milionários especializados em atender criminosos com muito dinheiro. Ou muito poder...
E isso está exposto a olho nu!

O Senado Federal do Brasil é a ÚNICA instituição do nosso sistema político, capaz de investigar e se for o caso, excluir os membros do STF.
Assistimos boquiabertos alguns POUCOS senadores e um único presidente de partido político, vir a público contrariados com as posições equivocadas, estranhas, contrárias aos interesses da sociedade.
Os senhores ditos ‘magistrados’ tem se pronunciado, encostados na Constituição para justificar suas decisões equivocadas, estranhas e contrárias aos interesses da sociedade.
Na prática, rasgam a Constituição para alcançar seus objetivos, contemplar as demandas a que são submetidos, caso após caso, sem a necessidade de que a população precise conhecer a letra da lei para perceber....

Soltar bandidos não é o que faz a lei... a lei existe para segregar da sociedade, aqueles que atentam contra a sociedade indefesa. Em vez disso, os ministros valorizam prender quem os ‘ofende’ nas redes sociais. Mas corruptos, pra eles, são os que merecem a filigrana do direito de ter a última palavra num processo legal, mesmo que NADA esteja descrito na lei.
- Vamos interpretar e criar um novo entendimento, enquanto isso SOLTEM o criminoso, eles dizem. E fazem, o que é ainda PIOR.
Está errado!
Muito errado!
Emitam um ofício para o Congresso e SUGIRAM uma análise da lei, descrevam os riscos que a sociedade corre com a redação atual, promovam debates em suas ‘instituições educacionais’ para aprimorar a lei... mas SOLTAR criminosos? Só depois de cumprida a pena!

E não é só isso... toda semana tem magistrado ‘fazendo palestra’... visitando político de outro poder da república, comparecendo a programas de entrevistas no rádio e na TV, palpitando sobre TUDO. São ‘estrelas’ da mídia!
Não são, não! Deveriam resguardar suas imagens! Outras supremas cortes pelo mundo são totalmente low profile, espartanas e com resultados inquestionáveis, pelo menos pelos cidadãos pagadores de impostos. Aqui já tivemos ministro do supremo opinando sobre a cor da camisa da Seleção Brasileira que deveria ser adotada para determinado jogo. Enquanto isso, no gabinete, assina a soltura de integrante do PCC com ficha criminal quilométrica!

E aquele projeto de ‘renancalheirice’ se recusa a por em pauta os inúmeros pedidos de investigação e impeachment de ‘ministros’ desta iMundice que faz décadas se tornou o STF do Brasil.
Verificando o conteúdo do Senado, entendemos o ‘porque’ da questão: a MAIORIA dos senadores é de gente investigada por corrupção e outros crimes, com processos engavetados pelos ministros do STF, num sistema repugnante de troca de favores: um protege cargo do outro!
Quando não fazem prescrever...
Quando não inocentam por excesso de provas...
Quando não se negam assinar os requerimentos que permitem a instauração do processo...
Quando não homenageiam aqueles a quem deveriam expurgar...

Faz décadas que digo aos meus amigos: pouco me importa quem será o próximo prefeito, governador ou presidente da república... esses, um legislativo qualificado trata de expulsar da cadeira, existem leis e mecanismos legais pra isso!
Um vereador um deputado ou um senador MAL eleito, fica protegido pelo ‘sistema’ e nunca mais nos livramos dele... exceto pelo NOSSO voto.
Não reelejam esses senadores que estão HOJE naquela casa... ELES SÃO OS CULPADOS DE TUDO.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A FILA ANDA

Um dos grandes amigos do Brasil e dos brasileiros de hoje é o calendário. Só ele, e mais nenhum outro instrumento à disposição da República, pode resolver um problema que jamais deveria ter se transformado em problema, pois sua função é justamente resolver problemas — o Supremo Tribunal Federal.
O STF deu um cavalo de pau nos seus deveres e, com isso, conseguiu promover a si próprio à condição de calamidade pública, como essas que são trazidas por enchentes, vendavais ou terremotos de primeira linha.
Aberrações malignas da natureza, como todo mundo sabe, podem ser resolvidas pela ação do Corpo de Bombeiros e demais serviços de salvamento. Mas o STF é outro bicho. Ali a chuva não para de cair, o vento não para de soprar e a terra não para de tremer — não enquanto os indivíduos que fabricam essas desgraças continuarem em ação. Eles são os onze ministros que formam a nossa “corte suprema”, e não podem ser demitidos nunca de seus cargos, nem que matem, fritem e comam a própria mãe no plenário.
Só há uma maneira da população se livrar legalmente deles: esperar que completem 75 anos de idade. Aí, em compensação, não podem ser salvos nem por seus próprios decretos. Têm de ir embora, no ato, e não podem voltar nunca mais. Glória a Deus.
Demora? Demora, sem dúvida, e muita coisa realmente ruim pode acontecer enquanto o tempo não passa, mas há duas considerações básicas a se fazer antes de abandonar a alma ao desespero a cada vez que se reúne a apavorante “Segunda Turma” do STF — o símbolo, hoje, da maioria de ministros que transformou o Supremo, possivelmente, no pior tribunal superior em funcionamento em todo o mundo civilizado e em toda a nossa história.
A primeira consideração é que não se pode eliminar o STF sem um golpe de Estado, e isso não é uma opção válida dos pontos de vista político, moral ou prático.
A segunda é que o calendário não para. Anda na base das 24 horas a cada dia e dos 365 dias a cada ano, é verdade, mas não há força neste mundo capaz de impedir que ele continue a andar.
Levará embora para sempre, um dia, Gilmar Mendes, Antônio Toffoli, Ricardo Lewandowski. Antes deles, já em novembro do ano que vem e em julho de 2021, irão para casa Celso Mello e Marco Aurélio — será a maior contribuição que terão dado ao país desde sua entrada no serviço público, como acontecerá no caso dos colegas citados acima. E assim, um por um, todos irão embora — os bons, os ruins e os horríveis.
Faz diferença, é claro. Só os dois que irão para a rua a curto prazo já ajudam a mudar o equilíbrio aritmético entre o pouco de bom e o muitíssimo de ruim que existe hoje no tribunal. Como é praticamente impossível que sejam nomeados dois ministros piores do que eles, o resultado é uma soma no polo positivo e uma subtração no polo negativo — o que vai acabar influindo na formação da maioria nas votações em plenário e nas “turmas”.
Com mais algum tempo, em maio de 2023, o Brasil se livra de Lewandowski. A menos que o presidente da época seja Lula, ou coisa parecida, o ministro a ser nomeado para seu lugar tende a ser o seu exato contrário — e o STF, enfim, estará com uma cara bem diferente da que tem hoje.
O fato, em suma, é que o calendário não perdoa. O ministro Gilmar Mendes pode, por exemplo, proibir que o filho do presidente da República seja investigado criminalmente, ou que provas ilegais, obtidas através da prática de crime, sejam válidas numa corte de justiça. Mas não pode obrigar ninguém a fazer aniversário por ele. Gilmar e os seus colegas podem rasgar a Constituição todos os dias, mas não podem fugir da velhice.
O Brasil que vem aí à frente, por esse único fato, será um país melhor. Se você tem menos de 25 ou 30 anos de idade, pode ter certeza de que vai viver numa sociedade com outro conceito do que é justiça. Não estará sujeito, como acontece hoje, à ditadura de um STF que inventa leis, censura órgãos de imprensa e assina despachos em favor de seus próprios membros. Se tiver mais do que isso, ainda pode pegar um bom período longe do pesadelo de insegurança, desordem e injustiça que existe hoje.
Só não há jeito, mesmo, para quem já está na sala de espera da vida, aguardando a chamada para o último voo. Para estes, paciência. (Poderiam contar, no papel, com o Senado — o único instrumento capaz de encurtar a espera, já que só ele tem o poder de decretar o impeachment de ministros do STF. Mas isso não vai acontecer nunca; o Senado brasileiro é algo geneticamente programado para fazer o mal).
Para a maioria, a vitória virá com a passagem do tempo.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

STF de Conveniência

O STF fixou nesta semana a tese de que, para não haver cerceamento do direito de defesa, delatados têm o direito de apresentar por último suas alegações finais antes do pronunciamento da sentença.
Com esse entendimento, duas condenações da Lava Jato já foram anuladas e outras 18 estão na fila.
Ocorre que, em 2017, advogados de fiscais da Receita condenados na Operação Publicano apresentaram essa mesma tese em recurso rejeitado pela Segunda Turma do STF. O relator foi o mesmo Gilmar Mendes que agora se arvora  defensor dos direitos de réus.
Além da mudança na ordem das alegações finais, os advogados pediam novas diligências probatórias.
O recurso foi rejeitado integralmente por Gilmar, que transcreveu em seu voto passagem específica da decisão de primeiro grau que negou o direito do réu não colaborador de falar por último.
“Há de se considerar que a ordem contida no artigo 402 invocada pela douta Defesa é para o caso de manifestação ainda em audiência, após encerrada a instrução, quando por motivos óbvios, é impraticável a manifestação simultânea, fazendo-se necessária a adoção de uma ordem. No entanto, no caso em tela, não há razão alguma para observá-la, posto que as partes podem analisar os autos e se manifestar simultaneamente.”
Embora a decisão de Gilmar não faça menção expressa à inversão da ordem, houve o pedido expresso dos advogados para que isso fosse acolhido e houve transcrição expressa da parte da decisão do juiz que indeferiu o pedido.
No voto, ele diz que as alegações da defesa dos fiscais seriam “impertinentes” e decorrentes “de mero inconformismo”. O voto de Gilmar foi seguido de forma unânime pelos colegas Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Edson Fachin.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

A audiência de Moro

A finalidade da convocação de Sergio Moro para depor no Congresso Nacional não tem sido muito bem compreendida. Vamos explicar aqui. Trata-se de uma estratégia que equivale a convocar o Barcelona para jogar num campo de várzea – sem alambrado.
Aí se dá o efeito pretendido: fora o terreno esburacado e careca, o maior esquadrão do mundo se torna acessível ao arremesso de laranjas podres e latinhas de refrigerante (vazias ou cheias), xingamentos criativos ao pé do ouvido, grunhidos e ameaças presenciais. Fora o fato de que se o Messi disparar pela ponta, qualquer torcedor poderá detê-lo com uma rasteira ou voadora – que na várzea são recursos absolutamente legais. Segue o jogo!
Feito o esclarecimento essencial, voltemos à audiência do ministro Moro na Câmara. Em dado momento, a companheira Maria do Rosário exigiu que o depoente olhasse nos seus olhos. Ela disse que não confia em quem olha para baixo e ordenou que Moro tivesse dignidade.
Quase ao mesmo tempo, a poucos metros dali (na CPI do BNDES), o ex-ministro Antonio Palocci confessava o assalto bilionário ao banco de fomento perpetrado pelo PT – a gangue fantasiada de partido à qual, por coincidência, Maria do Rosário pertence. Outra coincidência: Palocci só está aí hoje confessando tudo porque a quadrilha partidária que abriga a deputada foi desmascarada exatamente por Sergio Moro, a quem ela resolveu exigir dignidade.
De fato, nem todos têm a capacidade de diferenciar dignidade de delinquência – e alguns só conseguem compreender a diferença olhando nos olhos do carcereiro. Não se sabe se um ano e três meses já foram suficientes para o chefe de Maria do Rosário aprender essa parte.
A audiência de Moro na Câmara terminou por causa de um tumulto – onde se destacou a virulência de um deputado do PSOL xingando o depoente de ladrão. Trata-se de um partido pacifista – e no pacifismo de várzea é assim mesmo: você agride, cospe (saudades, Jean), usa black bloc pra soltar rojão na cabeça de jornalista e incita sua militância a acabar com a raça do inimigo, nem que seja a facada. O melhor de tudo é o seguinte: você continua ganhando a vida como vítima da violência e ninguém é punido.
Resumo da ópera do Arranca Toco FC: PT, PSOL e cia deram um show na várzea do companheiro Rodrigo Maia – todos jogando por música no campeonato de tiro ao Moro, ao Guedes e a qualquer um que representar o risco de avanços institucionais no país. Com instituições fortes e regras sólidas você não pode invadir o campo para derrubar o Messi. 

By Guilherme Fiuza

sexta-feira, 26 de abril de 2019

RANKING FUTEBOL BRASILEIRO - Pontos Corridos 2003 até 2018

Quase todos os programas esportivos na TV, algumas matérias nos jornais e nas suas versões virtuais, sempre fazem RANKINGS dos clubes de futebol do Brasil.
Os CRITÉRIOS são os mais diversos, mas determinar PONTOS pelas conquistas são os mais comuns. Os jornalistas alegam que o método é o mais justo.
Como discordo do método, afinal porque um time campeão tem 100 pontos e o classificado para a Libertadores outro valor e a participação na serie ‘A’ tem 25 pontos?, RESOLVI FAZER O MEU PRÓPRIO RANKING.
Os critérios?
Maior pontuação no período de pontos corridos da Série ‘A’ do Brasileirão. Ou seja, de 2003 até 2018. Se algum Clube empatar na somatória de pontos, será melhor que o adversário o que tiver feito MENOS jogos.
Ficou assim, salvo algum erro de soma:

01 - SÃO PAULO: 1.040
02 - CRUZEIRO: 994
03 - SANTOS: 969
04 - CORINTHIANS: 930
05 - FLAMENGO: 919

06 - INTERNACIONAL: 917
07 - GRÊMIO: 898
08 - FLUMINENSE: 891
09 - ATLÉTICO MG: 856
10 - ATHLETICO: 838

11 - PALMEIRAS: 828
12 - BOTAFOGO: 744
13 - VASCO: 677
14 - CORITIBA: 615
15 - GOIÁS: 596

16 - FIGUEIRENSE: 550
17 - VITÓRIA: 468
18 - PONTE PRETA: 432
19 - SPORT: 420
20 - BAHIA: 322

21 - PARANÁ: 304
22 - JUVENTUDE: 266
23 - CHAPECOENSE: 240
24 - AVAI: 216
25 - SÃO CAETANO: 215

26 - NÁUTICO: 200
27 - CRICIÚMA: 188
28 - ATLÉTICO GO: 156
29 - GUARANI: 147
30 - PAYSANDU: 146

31 - FORTALEZA: 142
32 - CEARÁ: 130
33 - PORTUGUESA: 127
34 - AMÉRICA MG: 122
35 - BARUERI: 77

36 - SANTA CRUZ: 59
37 - SANTO ANDRÉ: 41 (38 jogos)
38 - BRASILIENSE: 41 (42 jogos)
39 - IPATINGA: 35
40 - JOINVILLE: 31

E acho mais, o resto todo foi torneio, porque CAMPEONATO mesmo é o de PONTOS CORRIDOS.



terça-feira, 12 de março de 2019

Autodestruição

Bolsonaro é um cara bruto, pouco diplomático e muito disso o levou ao cargo que ocupa. Quando compra briga com a imprensa ele divide opiniões: metade acha que ele sabe o que está fazendo, a outra metade que ele está postando qualquer coisa.
Sou da segunda opinião. Embora eu tenha convicção de que na guerra eleitoral ele venceu a imprensa, na pós eleição tenho dúvidas se vale a pena ficar peitando ao invés de simplesmente ignorar-la.
Mas isso não é importante aqui. Meu ponto é outro, e talvez eu seja um dos poucos que possa dizer isso por não estar atrelado a emissora nenhuma e nem dever favor ou cargo pro coleguinha.
A imprensa é de esquerda. Alguns setores tendem a ser de esquerda porque vende-se a idéia de que estar deste lado é mais humano. O viés é claro. Não significa que não haja gente de direita, apenas que a grande maioria de professores de história, jornalistas e artistas sejam de esquerda.
Quando um cara de direita que grita abertamente contra a esquerda consegue o poder com toda mídia contra ele, há um inimigo declarado. Normalmente esse cara compraria o lado de lá. Daria lei rouanet pra artistaiada toda, contrataria uns 50 pra fazer campanha de vacinação na casa do caralho e encheria a imprensa de patrocinador.
Mudaria o viés do jornalista? Não. Mas o chefe dele, que é quem manda, iria mexer nas peças. O jogo de xadrez não é gritado, é pensado. Chefe de redação de TV contra o Bolsonaro não orienta a equipe a foder o cara. Coloca um esquerdista aqui, dois no esporte, sobe de cargo mais um ali e quando você nota estão todos alinhados sem que uma palavra seja dita.
Quem decide o que uma emissora acha é o comercial. E todo jornalista que acha que não está completamente equivocado.
A imprensa não quer Bolsonaro.
E essa questão tem três fatores simples: comercial, ideológico e ego.
O comercial porque ele está cortando a verba de publicidade. O ideológico porque ele é de direita. E o ego porque ele não venceu só o PT. Venceu a imprensa quando eleito. Decretou que a importância de um jornalista hoje é infinitamente menor do que foi um dia. E isso dói.
Ele é político há 30 anos. Se quiserem achar, vão achar. E enquanto ele estiver cortando a verba e peitando, vão procurar. O que a mídia quer é uma barganha, não a moral do país. Os mesmos caras que apertam 13 com o candidato dizendo “ser Lula”, ou seja, o líder do maior esquema de corrupção já descoberto, não pode falar em moral, ética ou compromisso com alguma coisa.
O que a mídia quer é tê-lo nas mãos pra ver se a grana volta. E ele quer peitar a mídia porque, assim como eu fiz há 20 anos, ele notou que as pessoas odeiam a imprensa e que a tendência natural é o abandono dela, como há 20 anos acontece culminando na eleição do próprio.
Só que ele deve satisfações ao povo, eu não. Então ele terá que atingir uma parte da sociedade via imprensa convencional e, se não o fizer, terá que explicar todo santo dia alguma insinuação desta parte ignorada por ele.
Sobre o Flávio? Sei o mesmo que vocês.  Está em investigação e cheira mal. Mas é tão cara de pau a orientação que no mesmo relatório que apontou 1,2 milhões suspeitos no gabinete dele havia outros de até 50 milhões suspeitos e ninguém abre uma linha pra citar o acusado, o partido, como andam as investigações.
Porque? Porque não interessa.
Imprensa e Bolsonaro estão em guerra, os dois tem bazucas nas mãos e ambos vão sair no mínimo muito machucados.
O que eu quero dizer aqui é que o Bolsonaro não é santo, e eu não boto um dedo no fogo por ele ou por político algum. Mas que estando do outro lado eu posso garantir que de cá, com microfone nas mãos, há menos santos do que lá.
E não, eu não ma refiro a menina do estadão. No áudio dela não há nada demais. Só uma jornalista dando a opinião dela em off pra um terceiro. E sim, ela tem o direito de lamentar se houver algo errado e “não der em nada”.  Como aliás, todos nós devemos ter.
Deixem que investiguem. A maior resposta que o povo “não petista” pode dar é se opor ao Bolsonaro em caso de alguma condenação. Mas ele não é réu, imagine condenado.
Embora ser condenado no Brasil para enorme parte dessa mesma gente seja motivo de apoio e não de repulsa.
RicaPerrone