Bolsonaro é um cara bruto, pouco diplomático e muito disso o levou ao cargo que ocupa. Quando compra briga com a imprensa ele divide opiniões: metade acha que ele sabe o que está fazendo, a outra metade que ele está postando qualquer coisa.
Sou da segunda opinião. Embora eu tenha convicção de que na guerra eleitoral ele venceu a imprensa, na pós eleição tenho dúvidas se vale a pena ficar peitando ao invés de simplesmente ignorar-la.
Mas isso não é importante aqui. Meu ponto é outro, e talvez eu seja um dos poucos que possa dizer isso por não estar atrelado a emissora nenhuma e nem dever favor ou cargo pro coleguinha.
A imprensa é de esquerda. Alguns setores tendem a ser de esquerda porque vende-se a idéia de que estar deste lado é mais humano. O viés é claro. Não significa que não haja gente de direita, apenas que a grande maioria de professores de história, jornalistas e artistas sejam de esquerda.
Quando um cara de direita que grita abertamente contra a esquerda consegue o poder com toda mídia contra ele, há um inimigo declarado. Normalmente esse cara compraria o lado de lá. Daria lei rouanet pra artistaiada toda, contrataria uns 50 pra fazer campanha de vacinação na casa do caralho e encheria a imprensa de patrocinador.
Mudaria o viés do jornalista? Não. Mas o chefe dele, que é quem manda, iria mexer nas peças. O jogo de xadrez não é gritado, é pensado. Chefe de redação de TV contra o Bolsonaro não orienta a equipe a foder o cara. Coloca um esquerdista aqui, dois no esporte, sobe de cargo mais um ali e quando você nota estão todos alinhados sem que uma palavra seja dita.
Quem decide o que uma emissora acha é o comercial. E todo jornalista que acha que não está completamente equivocado.
A imprensa não quer Bolsonaro.
E essa questão tem três fatores simples: comercial, ideológico e ego.
O comercial porque ele está cortando a verba de publicidade. O ideológico porque ele é de direita. E o ego porque ele não venceu só o PT. Venceu a imprensa quando eleito. Decretou que a importância de um jornalista hoje é infinitamente menor do que foi um dia. E isso dói.
Ele é político há 30 anos. Se quiserem achar, vão achar. E enquanto ele estiver cortando a verba e peitando, vão procurar. O que a mídia quer é uma barganha, não a moral do país. Os mesmos caras que apertam 13 com o candidato dizendo “ser Lula”, ou seja, o líder do maior esquema de corrupção já descoberto, não pode falar em moral, ética ou compromisso com alguma coisa.
O que a mídia quer é tê-lo nas mãos pra ver se a grana volta. E ele quer peitar a mídia porque, assim como eu fiz há 20 anos, ele notou que as pessoas odeiam a imprensa e que a tendência natural é o abandono dela, como há 20 anos acontece culminando na eleição do próprio.
Só que ele deve satisfações ao povo, eu não. Então ele terá que atingir uma parte da sociedade via imprensa convencional e, se não o fizer, terá que explicar todo santo dia alguma insinuação desta parte ignorada por ele.
Sobre o Flávio? Sei o mesmo que vocês. Está em investigação e cheira mal. Mas é tão cara de pau a orientação que no mesmo relatório que apontou 1,2 milhões suspeitos no gabinete dele havia outros de até 50 milhões suspeitos e ninguém abre uma linha pra citar o acusado, o partido, como andam as investigações.
Porque? Porque não interessa.
Imprensa e Bolsonaro estão em guerra, os dois tem bazucas nas mãos e ambos vão sair no mínimo muito machucados.
O que eu quero dizer aqui é que o Bolsonaro não é santo, e eu não boto um dedo no fogo por ele ou por político algum. Mas que estando do outro lado eu posso garantir que de cá, com microfone nas mãos, há menos santos do que lá.
E não, eu não ma refiro a menina do estadão. No áudio dela não há nada demais. Só uma jornalista dando a opinião dela em off pra um terceiro. E sim, ela tem o direito de lamentar se houver algo errado e “não der em nada”. Como aliás, todos nós devemos ter.
Deixem que investiguem. A maior resposta que o povo “não petista” pode dar é se opor ao Bolsonaro em caso de alguma condenação. Mas ele não é réu, imagine condenado.
Embora ser condenado no Brasil para enorme parte dessa mesma gente seja motivo de apoio e não de repulsa.
RicaPerrone
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