quinta-feira, 11 de abril de 2013

Loucomunismo!


A história não perdoa: o comunismo foi um grande equívoco. Provas abundam. A evolução do capitalismo não desaguou na revolução igualitária, mas na revolução consumista. Consumo, logo existo: este é o espírito das massas hoje, goste-se ou não.
O consumismo é o novo comunismo. A China é prova. A maior nação comunista não por acaso tornou-se a maior exploradora de mão de obra no mundo. Os países ricos do Ocidente terceirizaram a exploração do trabalhador exportando suas fábricas para as metrópoles chinesas, onde se trabalha barato 12 horas por dia quase todos os dias sem férias nem direitos trabalhistas. Mas os trabalhadores chineses nunca estiveram tão bem. Trabalham muito, mas consomem, e assim toleram a ditadura. Como no lema do PT: trabalhadores do Brasil, consumam!
Embora ainda existam muitos saudosistas, de Brasília a Moscou, é impossível negar que a vitória do capitalismo sobre o comunismo foi total. A península coreana, dividida ao meio entre capitalismo e comunismo desde o final dos anos 1940, serve de melhor exemplo vivo.
Ocupada pelo Japão desde 1910, a península foi dividia após a Segunda Guerra Mundial (1939-45) entre o sul capitalista pró-EUA e o norte comunista pró-União Soviética.
Quase 70 anos depois, a Coreia do Sul tornou-se um dos países mais prósperos e dinâmicos do mundo, e a Coreia do Norte, um dos mais pobres e atrasados, onde se morre de fome sob um regime insano.
A Coreia do Norte é uma prisão-país, dominada desde o nascimento por uma dinastia comunista maluca, que levou o culto à personalidade ao extremo, promovendo lavagem cerebral em escala nacional.
Na era da comunicação, não há contato com o mundo exterior, a família dominante é endeusada, os meios de comunicação se dedicam exclusivamente a louvar o líder e o regime. E a população morre de fome.
Agora, como faz com frequência assustadora, o regime norte-coreano cria deliberadamente crises e tensão militar com a Coreia do Sul, o Japão e os EUA para mobilizar a população e chantagear a comunidade internacional por redução das sanções instaladas desde que o país produziu armas nucleares. Sim, eles têm a bomba.
Os analistas afirmam que o ditador e líder supremo, Kim Jong-un, neto do "eterno presidente" Kim Il-sung, não é suicida, não usaria armas nucleares nem faria um ataque maciço com armas convencionais, pois isso geraria resposta arrasadora que acabaria com seu regime.
Espero que estejam certos. O comunismo e outros totalitarismos mancharam o século 20 com o sangue de dezenas de milhões de pessoas inocentes.
A carnificina continua, em escala menor, na Coreia do Norte. Se a comunidade internacional tivesse alma e coragem, não atuaria para conter o regime norte-coreano, mas para depô-lo.
Comunismo nunca mais.

Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos "Dinheiro" (2004-2010) e "Mundo" (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve às quintas no site da Folha.

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