“Esse momento não é de se entregar, é momento de reagir”, bradou, da tribuna do Senado, Jader Barbalho, pajé do PMDB do Pará. Incomodado com a invasão da Lava Jato aos salões do partido, o senador escalou a tribuna do Senado para se queixar da mídia e criticar os juízes e procuradores que se opõem ao projeto sobre abuso de autoridade. Para ele, esses setores tramam derrubar Michel Temer para reconduzir Fernando Henrique Cardoso à cadeira de presidente República.
Jader combinara o discurso com outros três correligionários: Renan Calheiros, Romero Jucá e Eunício Oliveira. Usou o mesmo tipo de retórica que embalou o PT no seu deslizamento rumo à trágica derrota eleitoral deste ano. Ao escalar suspeitos de corrupção para cuidar de sua defesa, o PMDB revela o mesmo fascínio suicida pelo caminho do brejo que os petistas desenvolveram desde o mensalão.
“Não imaginem que estou vindo aqui para defender a mim e aos companheiros do meu partido. Não. Esse processo político é contra todos nós,” disse Jader para um plenário repleto. Ninguém se animou a aparteá-lo. “Esse processo é contra o Parlamento brasileiro”, ele prosseguiu. “Esse processo político é contra a democracia, é contra a elite empresarial brasileira.” Jader instou os colegas a reagirem, sob pena de o Congresso ficar “totalmente avacalhado”.
Difícil discutir com Jader ‘Sudam’ Barbalho sobre avacalhação. O senador é um especialista na matéria. O PMDB não poderia ter escolhido um porta-voz melhor. A reação sugerida por Jader parece improvável. Os responsáveis pela desmoralização do Congresso e pelo enfraquecimento do Executivo são pessoas muito poderosas. Ocupam cargos no Planalto e na Esplanada, exercem mandatos parlamentares. Para combatê-las de verdade, Jader precisaria guerrear com o espelho.
Josias de Souza
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