Façamos, pois, uma síntese da história, à qual Dilma, finalmente, empresta, então, uma moral. E a moral da história é a seguinte: quando não se conhecia a origem da confusão, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) houve por bem culpar a oposição, com aquela clarividência que, a gente nota, ela traz, de hábito, estampada na testa. Já o ministro José Eduardo Cardozo, o Garboso, e a presidente Dilma preferiram apontar uma conspirata. Para a governanta, o responsável, além de “desumano”, era também “criminoso”.
Muito bem! Agora já se sabe — embora seja frenética a busca de um bode expiatório — que foi a própria CEF a responsável pela confusão. Menos do que o boato do fim do benefício, o que pegou mesmo foi a informação — e se tratava de um fato parcialmente verdadeiro — de que havia um “dinheiro a mais” na conta… E havia: a antecipação do pagamento de maio.
Com a informação em mãos — apurada pela imprensa (reportagem da Folha), não pelo governo ou pela própria CEF —, os “desumanos” e “criminosos” de antes viram heróis. E não pode haver, convenham, melhor síntese do petismo do que essa. Esse episódio, já que tem uma moral da história, assume mesmo o tom de uma fábula — do subgênero perverso. E sua síntese é esta: “Os inocentes, se nossos inimigos, são criminosos; os culpados, se nossos aliados, são virtuosos”. Ou ainda: “Os adversários são sempre culpados, mesmo quando inocentes; os aliados são sempre inocentes, mesmo quando culpados”.
Quem estranha? Voltemos ao caso do mensalão e dos mensaleiros, que estão por aí, para escândalo do bom senso, atacando o Supremo Tribunal Federal. A impressão que se tem é que o país não foi vítima do maior escândalo da história republicana; os protagonistas dos atos criminosos é que teriam sido vítimas, coitados!, de um tribunal de exceção. Se bem que, convenham, a coisa faz sentido: aqueles que, no fundo, odeiam o processo democrático acabam se sentindo perseguidos por suas regras e por suas leis.
É um vexame!
É um vexame!
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