sexta-feira, 18 de março de 2011

Diário da Presidenta - Parte II

(Continuação da Parte I)
6 DE FEVEREIRO Hoje tem votação do salário mínimo. Chamei o Temer na minha sala e o fiz sentar no sofá estofado pelo PMDB sergipano. Ele entendeu o recado.
Passei o dia tensa. Coloquei a Isaurinha Garcia no último volume e escrevi um relatório sobre energia eólica para relaxar. Quando vi, tinha comido uma caixa inteira de Sonho de Valsa.
Temer ligou para dizer que “o PMDB conquistou uma vitória magna”. A petulância do bofe…
19 DE FEVEREIRO Noite de sabadão no cineminha privê do Alvorada: ê, vidão! “Valeu a pena ter pegado em armas”, disse o Lobão no terceiro uísque.
O Lula, abelhudo, estragou tudo: chegou sem avisar e trouxe o Sarney, o Santana, o Vicentinho e uns 35 sindicalistas. O filme, escolhido pelo Santana, foi O Discurso do Rei. A mensagem é óbvia: sem marqueteiro não se vai a lugar nenhum. No fim, o Lula fez um discurso me imitando, todo gago: “Nã-nã-nã. (pausa) Não. Te-te-te-ter (pausa) gi-gi-gi (pausa) versarei!” Anotei o nome dos que se escangalharam de rir. O Sarney ficou roxo, mas não deu nem um sorrisinho. É um profissa, realmente.
21 DE FEVEREIRO Aniversário da Folha à noite. Ter que confraternizar com paulistas, tucanos e jornalistas, ah, meu querido diário, essa nem o Lula encarava. E ainda por cima vou perder o paredão do BBB.
Pouquinho antes da festa da Folha, o Palocci mandou um SMS: “Evite opiniões sobre o Oriente Médio, a taça das bolinhas e o novo corte de cabelo do Justin Bieber.” Deu tudo certo. O Palocci é ninja, entende de paulista como ninguém.
22 DE FEVEREIRO Acordei mais cedo para tomar café sossegada. Mas minha mãe e minha tia, que andam de morte, já tinham comido todo o pão de queijo. Com esse calorão me deu a maior vontade de entrar na piscina, mas o Kamura falou que o cloro ia desmanchar meu look Carolina Herrera.
23 DE FEVEREIRO Preciso escolher a roupa que vou usar quando a Michele (Obama) vier. A Marcela do Temer recomendou um estilista de Mato Grosso que faz coisas tipo indígenas. Disse que preciso prestigiar a moda étnica. Não sei não: parece que índio dá azar.
24 DE FEVEREIRO Para evitar briga com a minha mãe, saí cedíssimo. E quem estava no meu gabinete, sentado na minha mesa, fuçando no meu computador? O Lula, claro. Ficou hiper sem graça, falou que estava passando e resolveu dar uma olhada no e-mail. Fingi que acreditei e ele saiu com o rabo entre as pernas.
Aproveitei que estava com o computador aberto e votei no paredão do Big Brother. Aquele pedaço de mau caminho que é o Rodrigão não pode sair de maneira alguma. Nem o pão do Wesley. Fora, Adriana!
25 DE FEVEREIRO O Temer ligou para contar que o tal estilista índio que a Marcela indicou é do pmdb e daria um excelente presidente da Funai.
26 DE FEVEREIRO Caiu a ficha do Lula: ligou para perguntar por que tem uma foto dele em avião comum no meu computador.
28 DE FEVEREIRO Não vejo a hora de chegar o Carnaval.
* Escrito pelo jornalista Renato Terra, apresentado pela revista Piauí (Nº 54) como o ghost-writer não oficial e não autorizado de Dilma Rousseff

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